JUVENAL DECIDIU PERDER

24-01-2011 10:46

 Wanderley Nogueira

Dizem que o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, não ouve ninguém. Os seus críticos dizem que ele fala, ele responde, ele decide. Outros, menos amargos, garantem que ele gosta de ouvir opiniões, mas já antes mesmo da conversa já optou pela “sua” visão das coisas.

Agora, anunciou que será - mais uma vez - candidato à presidência do clube. A discussão, hoje, é técnica. Os conselheiros jurídicos de JJ garantem que é legal e a silenciosa oposição ameaça gritar na justiça diante daquilo que considera uma ilegalidade: o terceiro mandato.

Não se sabe ao certo o que vai dar essa briga política. A verdade é que se Juvenal cedeu à pressão de um grupo de conselheiros, essas pessoas não são seus amigos. Amigo quer ver o outro sempre bem, feliz.

Se a decisão foi inteiramente de Juvenal Juvêncio, na minha opinião, ele cometeu um grande erro. Exemplos similares mostraram que o personagem deixou o cargo execrado. Tudo  o que fez no passado, foi esquecido. Alguns saíram pela porta dos fundos, outros tomaram bicos nos fundilhos e alguns foram presos ou quase encarcerados.

Juvenal Juvêncio deveria saber que mandatos sucessivos prejudicam a democracia. E o São Paulo que se apresenta como “diferente” comete um grande erro estratégico. Alternância de poder - situação ou oposição, não importa -  uma mudança de nome seria interessante para o clube. Juvenal Juvêncio deveria ter tomado a decisão de abrir espaço para uma nova etapa na vida do tricolor. Ele será eleito. Qualquer  nome que fosse indicado seria eleito. Até a oposição reconhece esse fato. Vencedor, sairá derrotado.

Vai ganhar fácil. Mas sairá dessa vitória bem menor do que das duas anteriores. Se conseguir fazer um mandato primoroso, ainda assim perderá estatura, deixará o posto diminuído. Conselheiros que apoiam essa empreitada do presidente precisam avaliar se realmente amam o clube ou algum tipo de comodismo. Os seus eleitores votarão conscientes de que estão fazendo o melhor ou abraçados a comprometimentos.

Juvenal Juvêncio mancha a sua condição de bom presidente. Não é absurdo considerar a sua atitude oportunista e golpista. Minimiza, inclusive, o valor de nomes da própria “situação”. Prorrogação ou novo mandato é um ato que deve estar tirando o sono dos verdadeiros eleitores conscientes de Juvenal.  Não tem cabimento um presidente com “jeito de estadista” arranjar uma maneira de prorrogar sua vida à frente da instituição.

Seus correligionários dizem que “não é o Juvenal que deseja continuar. É o clube, seus conselheiros, a torcida que desejam e exigem”. Falácia. Isso é conversinha fiada.

Ricardo Teixeira, Nicolás Leoz, Marco Polo Del Nero, Joseph Blatter, hoje desafetos de Juvenal Juvêncio, devem estar morrendo de rir. Imagino que nos seus encontros eles falarão sobre o assunto. Lembrarão que já foram chamados de ditadores e tiranos pela longa permanência nos cargos.

Por Wanderley Nogueira

 

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